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Plano de Aula: A Trajetória Filosófica dos Engenheiros do Hawaii – Da Arquitetura Pós-Moderna à Sabedoria do Surf

Disciplina: Filosofia (pode ser integrada com Literatura, História ou Artes, no contexto do Ensino Médio brasileiro, alinhado à BNCC – Base Nacional Comum Curricular, áreas de Linguagens e Ciências Humanas).

Série/Ano: 2º ou 3º ano do Ensino Médio.

Duração: 2 aulas de 50 minutos cada (total: 100 minutos). Pode ser adaptada para mais sessões se houver tempo para debates aprofundados.

Objetivos Gerais:

Objetivos Específicos:

Competências Desenvolvidas (BNCC):

Materiais Necessários:

Procedimentos:

Aula 1: Introdução e Fases Iniciais (50 minutos)

  1. Aquecimento/Introdução (10 minutos):
  1. Desenvolvimento (30 minutos):
  1. Encerramento (10 minutos):

Aula 2: Fase Final, Controvérsias e Conclusão (50 minutos)

  1. Aquecimento (5 minutos):
  1. Desenvolvimento (30 minutos):
  1. Encerramento (15 minutos):

Avaliação:

Podcast completo:


Resumo Notebooklm

Textos complementares:

A Trajetória Filosófica dos Engenheiros do Hawaii: Da Arquitetura Pós-Moderna à Sabedoria do Surf

Introdução: “Filosofia” para uma Banda de Rock

Carlos Maltz, antigo baterista dos Engenheiros do Hawaii, relata uma cena singular ocorrida em Fortaleza no final dos anos 1980: ao final de um show, a banda foi saudada por uma multidão de fãs que gritava, em uníssono, a palavra “filosofia”. A imagem é, em si, um paradoxo instigante. Uma banda de rock popular, um fenômeno de massa, sendo associada a um campo acadêmico frequentemente percebido como hermético e distante do cotidiano. Este reconhecimento espontâneo do público contrastava violentamente com a recepção da crítica especializada da época, que rotulava o grupo como “brega”, “pretensioso” ou simplesmente deslocado, talvez por sua origem sulista ou por resgatar um rock progressivo considerado fora de moda.

A tese central deste ensaio é que a percepção dos fãs era, na verdade, astuta. Longe de ser uma pretensão vazia, a obra da banda, especialmente as letras de Humberto Gessinger, traça uma trajetória intelectual coerente e complexa, que ofereceu a uma geração um vocabulário para pensar o Brasil e a própria existência. Este percurso pode ser compreendido a partir de três fases filosóficas distintas que marcaram a identidade do grupo. Iniciaremos pela sua fundação, profundamente enraizada na crítica arquitetônica pós-moderna; em seguida, exploraremos sua imersão no existencialismo de Albert Camus e Jean-Paul Sartre, o núcleo de sua identidade mais duradoura; por fim, analisaremos a transição para uma “sabedoria dos surfistas” de inspiração deleuziana, que buscou superar os dilemas da fase anterior.

1. A Planta Baixa Intelectual: Pós-Modernismo e a Origem na Arquitetura

Para decifrar a identidade e a postura irônica que definiram os primórdios dos Engenheiros do Hawaii, é fundamental retornar ao seu ponto de origem: a Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1984. O debate acadêmico que dominava aquele ambiente serve como a chave mestra para compreender as escolhas estéticas, as críticas e até mesmo o nome da banda que surgia durante uma greve estudantil.

Naquele contexto, o campo da arquitetura vivia um intenso embate teórico entre as correntes modernista e pós-modernista. O Modernismo, associado a figuras como Le Corbusier, defendia uma racionalidade impositiva que se materializava em conceitos como as “máquinas de morar”, cidades funcionais e grandes projetos utópicos, como Brasília. A máxima provocativa de Le Corbusier, “arquitetura ou revolução”, resumia a crença de que um projeto arquitetônico racional e universalista poderia moldar a vida social a ponto de evitar convulsões, estabelecendo uma nova ordem a partir de uma prancheta. Essa visão colocava a arquitetura em um lugar de poder vertical, capaz de projetar as formas de vida.

Em contrapartida, o Pós-Modernismo, representado por teóricos como Robert Venturi e Aldo Rossi, insurgia-se contra essa utopia universalista. Em vez da pureza da forma e da rigidez da função, os pós-modernos celebravam a ironia, a colagem, as referências pop e o contexto local. Em oposição direta ao lema moderno de “menos é mais”, eles declaravam que “menos é chato”. A arquitetura deveria ser significante, plural e até mesmo kitsch, como os luminosos neons de Las Vegas elogiados por Venturi, que transformavam a própria fachada do edifício em um signo comunicativo e popular.

Essa dicotomia pós-moderna moldou profundamente a identidade nascente dos Engenheiros do Hawaii. A começar pelo nome, que funcionava como uma paródia aos colegas da engenharia que, em Porto Alegre, adotavam um visual de surfista deslocado de sua função. Contudo, o nome também abria espaço para uma autocrítica irônica, posicionando os próprios arquitetos como uma espécie de “engenheiros descompromissados”.

Essa postura também definia sua posição no rock nacional. A banda via os nomes de grupos hegemônicos como RPM, Legião Urbana e Titãs como “unidimensionais”, associando-os a uma utopia heróica “moderna”, que acreditava no poder transformador e mítico de suas canções. Em contrapartida, os Engenheiros adotaram uma atitude paródica e fragmentada.

A influência é explícita nas primeiras composições. Na canção que leva o nome da banda, Gessinger canta sobre os “engenheiros” que eles ironizavam: “eles odeiam Albert Camus, eles só querem ler gibi / eles odeiam Albert Camus, eles só querem Le Corbusier”. A letra alinha os alvos da crítica ao entretenimento puro (“gibi”) e ao grande ícone da arquitetura moderna, estabelecendo, por oposição, o campo intelectual onde a banda pretendia atuar. Curiosamente, embora tenham começado com uma postura que se distanciava de Camus, sua trajetória subsequentemente mergulharia de forma profunda e definitiva no pensamento do filósofo franco-argelino.

2. O Núcleo Existencialista: O Absurdo, a Revolta e a Escolha

Após a fase inicial marcada pela ironia pós-moderna, a banda buscou um projeto mais “sério”. Nesse movimento, apropriou-se das correntes do existencialismo, transformando a paródia em uma profunda investigação sobre a condição humana. Esta se tornou a fase filosófica mais marcante e reconhecida do grupo, um período em que as ideias de Albert Camus e, em menor grau, de Jean-Paul Sartre, forneceram a estrutura para algumas de suas canções mais emblemáticas.

A Influência de Albert Camus

A apropriação do pensamento camusiano é central para entender a obra da banda a partir do seu segundo álbum. Gessinger e seus companheiros encontraram em Camus um arsenal conceitual para descrever o mal-estar de sua geração.

O Absurdo e o Mito de Sísifo

A filosofia de Camus, especialmente em obras como O Mito de Sísifo, parte de uma questão fundamental: “por que não me suicido?”. Ele argumenta que a busca pelo suicídio, assim como por qualquer outra solução definitiva (um grande amor, uma teoria totalizante), é uma tentativa falha de encontrar uma completude para a existência. A condição humana é, por definição, marcada pelo absurdo e pela incompletude. A imagem que sintetiza essa visão é a de Sísifo, o herói condenado a rolar eternamente uma pedra montanha acima, apenas para vê-la rolar para baixo novamente. Para Camus, o “herói absurdo” é aquele que, ciente da futilidade de sua tarefa, encontra felicidade na própria revolta e no esforço contínuo. Essa ideia já ecoava na obra da banda, como na letra de “Muros e Grades”: “Viver assim é um absurdo como outro qualquer / como tentar o suicídio ou amar uma mulher”.

A Revolta dos Dândis

O título do segundo álbum da banda, A Revolta dos Dândis, foi extraído diretamente de um capítulo do livro O Homem Revoltado, de Camus. No texto, o filósofo critica a figura do dândi romântico, que busca uma solução para o absurdo da existência através da atitude, da aparência e de uma estética da singularidade. O dândi, segundo Camus, “cria sua própria unidade por meios estéticos”, definindo seu lema como “viver e morrer diante de um espelho”. A banda utilizou essa crítica de forma autoirônica, reconhecendo a pose inerente ao estrelato do rock, mas também como uma crítica velada a outras bandas da época, como Legião Urbana, cujas posturas poderiam ser interpretadas como uma forma de dandismo romântico. Essa fase da obra de Camus, que se desdobra no romance A Peste, mostra a emergência de uma solidariedade social diante do desastre, uma visão de mundo que, embora trágica, ainda preserva um certo otimismo na humanidade – em forte contraste, por exemplo, com a desolação encontrada em Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago.

A Queda e a Crítica ao Pop

A influência de Camus atinge um ponto de alta sofisticação no álbum O Papa é Pop. A obra pode ser lida através das lentes do romance A Queda, no qual um personagem narra em um longo monólogo seu sentimento de culpa. Para compreender a profundidade da conexão, é crucial recordar um episódio específico do livro: o narrador relembra seu tempo em um campo de concentração, onde um companheiro de prisão, obcecado com o fato de o Papa ter apoiado o ditador Franco, decide eleger um “novo papa” ali mesmo. O narrador levanta a mão e é proclamado papa. O que começa como uma farsa se torna um mecanismo de poder: quando a comida e a água se tornam escassas, ele se aproveita do seu “título” para obter vantagens e privilégios. É nesse contexto de autoridade corrompida e culpa que a frase do romance, “é preciso perdoar o Papa”, ganha seu peso. O álbum dos Engenheiros transpõe essa crítica para o universo do consumo e da fama, denunciando a busca por completude, seja através do mercado (“O Papa é Pop”) ou do amor idealizado (“Perfeita Simetria”), e reconhecendo ironicamente a própria inserção da banda nesse sistema.

A Tensão Sartreana

Enquanto Camus oferecia uma filosofia da aceitação do absurdo, a influência de Jean-Paul Sartre introduziu uma tensão complementar: a necessidade incontornável da ação e da escolha.

A Necessidade da Escolha

Para Sartre, “a existência precede a essência”. O ser humano é lançado no mundo sem um propósito definido e é condenado a ser livre, ou seja, a construir a si mesmo através de suas escolhas. A angústia, nesse contexto, não é um sentimento a ser evitado, mas um sinal da liberdade e da responsabilidade de se posicionar no mundo. Essa obrigação de decidir contrastava com a tendência de Camus a se abster de certos conflitos, como na Guerra de Independência da Argélia.

Ecos nas Letras

A filosofia sartreana ecoa em diversas letras. A referência é direta em “Guardas da Fronteira” (“Não sou eu mentiroso foi Sartre quem escreveu”), mas sua presença é mais sentida em canções como Infinita Highway, que exploram a dúvida, a ausência de um destino pré-definido e a liberdade de seguir em frente. Mais do que isso, a dimensão sartreana se manifestou na prática quando, em 1989, os Engenheiros do Hawaii se posicionaram politicamente de forma explícita, apoiando a candidatura de Leonel Brizola. Foi uma das raras bandas de sua geração a assumir um lado de forma tão clara, materializando a máxima sartreana de que não escolher já é uma escolha.

Essa fase existencialista, portanto, foi marcada pela exploração da tensão entre o absurdo que convida à paralisia e a liberdade que exige engajamento. Foi a partir do esgotamento desse dilema que a banda precisou buscar uma nova sabedoria, uma nova forma de articular a ação no mundo.

3. A Terceira Margem: Do Asfalto da Highway às Ondas do Caos

A insistência na filosofia do absurdo corria o risco de levar a obra da banda a um beco sem saída: um “niilismo paralisante” onde a crítica constante a tudo impedia a articulação de um sentido positivo para a ação. Diante dessa encruzilhada, Humberto Gessinger promoveu uma mudança filosófica em suas composições, introduzindo o que pode ser chamado de uma “sabedoria dos surfistas” como a nova perspectiva para navegar no caos da existência.

O Conceito do Surfista

A metáfora do surfista, introduzida na canção “A Onda” e consolidada no álbum Surfando Karmas & DNA, representa essa nova fase. Influenciada pelo pensamento do filósofo francês Gilles Deleuze, essa sabedoria não se baseia na tentativa de dominar a natureza (a onda), mas em uma inserção e convivência com ela. O surfista não controla o mar; ele estuda suas correntes, espera o momento certo e se insere no fluxo para criar seu movimento. Traduzido para a vida, isso significa aceitar as determinações — o karma, o DNA, o contexto social — não como um destino final, mas como as condições a partir das quais a liberdade pode ser criada.

Análise Comparativa: da Infinita Highway para a sabedoria dos surfistas

A canção Esportes Radicais pode ser compreendida como a continuação e a resolução filosófica do dilema apresentado em Infinita Highway. A comparação entre as duas revela a profundidade dessa transição de pensamento. Em Infinita Highway, a estrada é um espaço de liberdade absurda, um horizonte de ausência de sentido onde as placas de sinalização são ignoradas. Já em Esportes Radicais, o cenário muda drasticamente: não há mais uma estrada aberta, mas um “trânsito de aços imóveis”. A sabedoria transita da “adrenalina” e da velocidade para a de “freios e airbag”, uma lógica de proteção e fluxo lento.

A liberdade não está mais em negar as regras, mas em aceitar a contingência e aprender a se mover dentro dela, como um surfista que compõe com a onda. A letra propõe a fusão de dois universos no verso “Se Califórnia fosse França”: a cultura do surf e do fluxo (Califórnia) unida à introspecção filosófica de Deleuze (França), trazendo essa sabedoria para “nosso chão”, o cotidiano. A competição é subvertida; os giros — 180, 360, 540º — não são para vencer, mas “intensificações” para testar os limites do caos, para se movimentar dentro do imponderável.

Os versos finais de Esportes Radicais sintetizam essa nova ética afirmativa: “Se nada faz sentido, há muito o que fazer”. A ausência de um sentido pré-estabelecido, que no existencialismo levava à angústia, aqui se torna o ponto de partida para a criação. A canção conclama a “unir o otimismo da vontade e o pessimismo da razão”, uma citação que, embora popularizada por Gramsci, tem sua origem no escritor Romain Rolland. Esse verso marca a superação de uma postura puramente crítica e a adoção de uma ética de ação que cria sentido a partir do caos, sentindo com inteligência e pensando com emoção.

Apesar da sofisticação e da coerência dessa jornada intelectual, o legado da banda não é isento de contradições. A mesma obra que ofereceu ferramentas para a reflexão também é marcada por dissonâncias e questões problemáticas que exigem um olhar igualmente crítico.

4. Coda Crítica: Dissonâncias, Controvérsias e o Legado

Reconhecer a complexidade filosófica de uma obra não isenta seus criadores de responsabilidade por suas ações e discursos. Uma análise completa da trajetória dos Engenheiros do Hawaii exige que se aborde, de forma sóbria e analítica, as controvérsias que cercam a banda, revelando as tensões entre a sofisticação das letras e as práticas de seus integrantes.

Racismo: A saída do primeiro baixista, Marcelo Pitz, único integrante negro da formação original, é cercada por narrativas problemáticas. Relatos apontam uma série de “brincadeiras” de mau gosto por parte de Gessinger e Maltz, como jogar cerveja em seu chapéu novo ou ajustar seu equipamento para que ele tomasse choques. Embora classificadas como imaturidade juvenil pelos próprios, é impossível não contextualizar esses atos sob a luz da palavra racismo ou da ignorância branca.

Homofobia: Em entrevistas nos anos 1990, Humberto Gessinger chegou a atribuir sua falta de sucesso a não ser gay, uma declaração que reflete a homofobia estrutural da época. Da mesma forma, a expressão “violência travestida” na letra da canção homônima, embora parte de uma crítica contundente à indústria do entretenimento infantil, é uma linguagem que, hoje, “envelheceu mal” e carrega conotações transfóbicas.

Ambiguidade Política: A postura de Gessinger durante as eleições de 2018 gerou críticas por sua demora em se posicionar claramente. Essa hesitação contrastou com o engajamento sartreano do passado e foi vista por muitos como uma ambiguidade negativa em um momento de profunda polarização e ameaça à democracia. A tensão entre a abstenção camusiana e o engajamento sartreano, tão explorada em sua obra, manifestou-se aqui como uma indecisão problemática.

A própria obra da banda parece antecipar a complexidade desse julgamento, como na letra que reflete sobre a responsabilidade do artista e do público: “quem ocupa o trono tem culpa / quem duvida da vida tem culpa / e quem evita a dúvida também tem”.

Conclusão: O Sentido da “Filosofia”

A trajetória dos Engenheiros do Hawaii é um percurso intelectual notável na história da música popular brasileira. Partindo de uma crítica irônica fundamentada no pós-modernismo arquitetônico, a banda mergulhou nas profundezas do existencialismo de Camus e Sartre para explorar a angústia e a liberdade, e, finalmente, evoluiu para uma sabedoria afirmativa, inspirada em Deleuze, que propõe a criação de sentido a partir do caos.

Retornando àquela imagem inicial da multidão em Fortaleza, podemos agora compreender melhor o seu significado. Apesar das graves contradições e das problemáticas levantadas, os fãs captaram algo essencial. Os Engenheiros do Hawaii ofereceram a uma geração muito mais do que refrões cativantes; eles forneceram um vocabulário, um conjunto de ferramentas filosóficas e um espelho para pensar sobre a existência, a liberdade, o consumo e a busca por sentido em um Brasil complexo e em transformação.

A capacidade singular da banda de traduzir dilemas filosóficos densos em canções de rock que dialogavam com milhões de pessoas é, em si, seu maior legado. É isso que, no fim das contas, justifica e dá sentido ao grito de “filosofia” daquela multidão.

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Briefing: Análise da Trajetória Filosófica da Banda Engenheiros do Hawaii

Resumo Executivo

Este documento sintetiza a análise da trajetória intelectual e artística da banda Engenheiros do Hawaii, conforme apresentado no podcast Filosofia Pop. A análise se estrutura em três fases evolutivas, partindo de suas origens acadêmicas e culminando em reflexões críticas sobre seu legado.

  1. Origens na Arquitetura e Pós-Modernismo: A banda surgiu na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, e sua identidade inicial foi profundamente moldada pelo debate acadêmico entre modernismo e pós-modernismo. Adotando uma postura pós-moderna, influenciada por teóricos como Robert Venturi, a banda utilizou a ironia, a colagem e as referências pop como contraponto à seriedade e às utopias do rock nacional da época.
  2. Apropriação do Existencialismo (Camus e Sartre): A fase de maior densidade filosófica da banda é marcada pela apropriação de conceitos do existencialismo. De Albert Camus, absorveram a noção do “absurdo” da existência, a revolta individual e a crítica ao “dandismo”, temas centrais em álbuns como A Revolta dos Dândis. De Jean-Paul Sartre, incorporaram a angústia da escolha e a necessidade de posicionamento, influências visíveis em letras como a de “Infinita Highway”.
  3. Transição para a “Sabedoria dos Surfistas”: Em uma fase posterior, a banda se afasta do existencialismo paralisante e adota uma nova metáfora: a “sabedoria do surfista”. Influenciada por pensadores como Deleuze, essa filosofia propõe não o domínio da realidade, mas a inserção no fluxo dos acontecimentos (“surfar a onda”). Essa mudança é exemplificada na transição da ausência de sentido de “Infinita Highway” para a ação propositiva de “Esportes Radicais”, encapsulada no verso “se nada faz sentido, há muito o que fazer”.
  4. Controvérsias e Legado Crítico: A análise conclui com uma reflexão sobre aspectos problemáticos da história da banda, incluindo acusações de racismo relacionadas à saída do baixista Marcelo Pitz, declarações homofóbicas de Humberto Gessinger nos anos 90 e a ambiguidade política do vocalista em momentos cruciais, como as eleições de 2018. Esses pontos são apresentados como elementos necessários para uma compreensão completa do legado complexo da banda.

1. Origens na Arquitetura e a Influência Pós-Modernista

A gênese dos Engenheiros do Hawaii está intrinsecamente ligada ao ambiente acadêmico da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1984. O próprio nome da banda surgiu como uma provocação irônica aos estudantes de engenharia que, no contexto de Porto Alegre, usavam bermudas de surfista, uma moda considerada “sem função”. Essa crítica inicial já continha os elementos de ironia e ambiguidade que marcariam o trabalho do grupo.

1.1. O Embate entre Modernismo e Pós-Modernismo

O contexto da faculdade era palco de um intenso debate entre as correntes modernista e pós-modernista na arquitetura, o que influenciou diretamente a postura estética da banda.

1.2. A Postura da Banda

Os Engenheiros do Hawaii se alinharam a essa perspectiva pós-moderna, utilizando-a como um diferencial no cenário do rock nacional dos anos 80.

2. A Apropriação do Existencialismo: Camus e Sartre

Com o amadurecimento do projeto, a banda se aprofundou nas referências filosóficas que ironizava no início, notadamente o existencialismo de Albert Camus e, em menor grau, de Jean-Paul Sartre.

2.1. Albert Camus e o Absurdo

Camus, que recusava o rótulo de existencialista, tornou-se a principal fonte filosófica para as letras da banda.

Conceito de CamusDescrição e Aplicação na Obra da Banda
O AbsurdoExtraído de O Mito de Sísifo, o conceito central é a aceitação da incompletude da vida e a ausência de um sentido transcendente. A filosofia começa com a pergunta “por que não me suicido?”, mas Camus nega o suicídio como uma solução, propondo em vez disso a aceitação do absurdo.
Sísifo FelizA imagem do herói grego condenado a rolar uma pedra eternamente, que só cai ao chegar ao topo, é usada por Camus para ilustrar a condição humana. A felicidade reside em aceitar a tarefa inútil sem esperança de completude.
Reflexos nas LetrasA ideia do absurdo aparece desde o primeiro álbum e é explicitada na canção “Muros e Grades”: “Viver assim é um absurdo como outro qualquer / como tentar o suicídio ou amar uma mulher”, que ecoa a ideia de que nem a morte nem o amor podem preencher o vazio existencial.
A Revolta e o DandismoNo livro O Homem Revoltado, Camus analisa a figura do “Dândi” romântico, que nega o absurdo através de uma estética da singularidade e da negação, “vivendo e morrendo diante de um espelho”. O segundo álbum da banda, A Revolta dos Dândis, adota esse título para construir uma crítica autoirônica à postura roqueira e, possivelmente, a outras bandas da época (como Legião Urbana e Cazuza), que eram vistas como presas a esse “jogo de aparências”.
A Queda e O Papa é PopO livro A Queda narra o monólogo de um homem que se julga culpado por sua covardia. Uma passagem central descreve um personagem que, em um campo de concentração, é eleito “papa” e se aproveita desse status para obter privilégios, levando à reflexão: “É assim, meu caro, que nascem os impérios e as igrejas, sob o sol da morte”. Essa crítica à figura do “papa” que busca popularidade e se torna um produto é a referência central para o álbum O Papa é Pop, que denuncia a sociedade de consumo.

2.2. Jean-Paul Sartre e a Necessidade da Escolha

Embora a influência de Camus seja mais proeminente, os conceitos de Sartre também estão presentes, especialmente a ênfase na liberdade e na responsabilidade da escolha.

3. A Transição para a “Sabedoria dos Surfistas”

Após uma fase de imersão no existencialismo, que flertava com um niilismo paralisante, a obra de Humberto Gessinger passa por uma transição conceitual significativa, abandonando o absurdo como mote principal e adotando uma nova filosofia de ação.

3.1. A Metáfora do Surf

Essa nova fase é marcada pela figura do surfista, introduzida na canção “A Onda” e consolidada no álbum Surfando Karmas & DNA.

3.2. De “Infinita Highway” a “Esportes Radicais”

A canção “Esportes Radicais” é apresentada como a chave para entender essa transição, funcionando como uma continuação e superação da visão de “Infinita Highway”.

“Infinita Highway” (Visão Existencialista)“Esportes Radicais” (Visão do Surfista)
A estrada é a vida, sem um destino claro.A vida é o “trânsito de aços imóveis”, uma contingência a ser aceita.
Liberdade plena, mas ausência de sentido.A ausência de sentido não leva à paralisia, mas à ação: “Se nada faz sentido, há muito o que fazer”.
Foco no indivíduo isolado em sua jornada.Busca por um ponto de união, unindo “sentir com inteligência, pensar com emoção”.
Rebeldia contra as placas e as normas.Ação dentro do caos, como um skatista que realiza giros não para vencer, mas para intensificar a experiência.

Essa nova postura é resumida na citação de Romain Rolland (popularizada por Gramsci): “unir o otimismo da vontade e o pessimismo da razão”. Representa uma mudança de uma posição de negação para uma de criação de sentido a partir do caos.

4. Reflexões Críticas e Controvérsias

A análise finaliza abordando episódios controversos que complexificam o legado da banda e de seu líder, Humberto Gessinger.

Guia de Estudos: Engenheiros do Hawaii e a Filosofia Pop

Este guia de estudos foi elaborado a partir do episódio 232 do podcast “Filosofia Pop” para aprofundar a compreensão sobre as influências filosóficas, arquitetônicas e culturais na obra da banda Engenheiros do Hawaii.

Questionário de Resposta Curta

Responda às seguintes perguntas com base no contexto fornecido. Cada resposta deve ter de 2 a 3 frases.

  1. Qual é a origem do nome “Engenheiros do Hawaii” e que crítica ele continha?
  2. Como o debate entre modernismo e pós-modernismo na Faculdade de Arquitetura influenciou a estética inicial da banda?
  3. De que forma o pensamento de Albert Camus, especialmente a noção do “absurdo”, se manifesta nas letras dos Engenheiros do Hawaii?
  4. Qual é a principal diferença apresentada no podcast entre a filosofia de Albert Camus e a de Jean-Paul Sartre em relação à necessidade de tomar decisões?
  5. Explique o conceito de “Dândi” segundo a análise de Camus em “O Homem Revoltado” e como isso se relaciona com a postura da banda.
  6. Como a banda se diferenciava de outros grupos de rock dos anos 80, como RPM e Legião Urbana, segundo a percepção dos próprios membros?
  7. Qual foi a importância do álbum Papa é Pop e como ele dialoga com o livro “A Queda” de Camus e as ideias de Robert Venturi?
  8. O que é a “sabedoria dos surfistas” mencionada no podcast e como ela representa uma mudança na filosofia das letras de Humberto Gessinger?
  9. Como a canção “Esportes Radicais” representa uma evolução ou continuidade da temática presente em “Infinita Highway”?
  10. Quais controvérsias e críticas sobre a banda e seus membros são mencionadas no final do podcast?

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Gabarito

  1. O nome surgiu como uma brincadeira no contexto da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, onde os membros estudavam. Era uma crítica aos colegas da faculdade de engenharia que usavam bermudas de surfista em Porto Alegre, uma vestimenta considerada “sem função” naquele ambiente. A ambiguidade do nome também podia ser vista como uma autocrítica, posicionando os arquitetos como uma espécie de “engenheiros descompromissados”.
  2. A banda alinhou-se à perspectiva pós-moderna, que valorizava a ironia, a fragmentação, a colagem e as referências pop, em oposição à racionalidade impositiva do modernismo. Enquanto a arquitetura moderna, representada por Le Corbusier, buscava criar “máquinas de morar” e moldar a vida das pessoas, o pós-modernismo de Robert Venturi propunha que “menos é chato”, influenciando a atitude de colagens e citações da banda.
  3. A noção do “absurdo” de Camus, presente em obras como “O Mito de Sísifo”, é central para a banda desde o primeiro álbum. Ela se manifesta na aceitação da incompletude da vida e na rejeição de buscar soluções fáceis (como o suicídio ou um amor) para preencher esse vazio existencial, como exemplificado na letra de “Muros e Grades”: “Viver assim é um absurdo como outro qualquer”.
  4. Enquanto Camus, com sua postura do “absurdo”, se abstinha de tomar posições políticas claras (como na questão da libertação da Argélia), Jean-Paul Sartre defendia que a existência precede a essência e que o ser humano é obrigado a fazer escolhas e se posicionar. Para Sartre, a angústia é um sinal de liberdade, e essa necessidade de decidir marcou sua trajetória, como no apoio à União Soviética no pós-guerra.
  5. Segundo Camus, o Dândi romântico nega o absurdo por meios estéticos, criando sua própria unidade através da atitude e da negação. Ele vive para impressionar um público, como se estivesse diante de um espelho, e sua existência depende do olhar dos outros. O podcast sugere que os Engenheiros usavam essa crítica ao dandismo para se autoironizar e também para alfinetar a postura de outras bandas de rock, como as de Renato Russo e Cazuza.
  6. Os membros dos Engenheiros do Hawaii consideravam que bandas como RPM, Legião Urbana e Titãs tinham nomes “unidimensionais”, ligados a uma utopia heróica e a uma crença na transformação social. Em contraste, o nome paródico “Engenheiros do Hawaii” refletia uma perspectiva mais irônica e pós-moderna, que se distanciava da pretensão de ocupar um lugar mítico de refundação social.
  7. O álbum Papa é Pop marca um retorno às referências “kitsch” e “bregas”, alinhado às ideias de Robert Venturi sobre uma arquitetura pop e significante (o “neon Vegas”). Ele dialoga com “A Queda” de Camus através da figura do papa, que se aproveita de uma posição de privilégio. O álbum critica tanto o consumismo e a busca incessante por novidades (“Papa é Pop”) quanto a busca por uma completude no amor romântico (“Perfeita Simetria”).
  8. A “sabedoria dos surfistas” é uma metáfora para uma nova postura filosófica que surge em canções como “A Onda”. Inspirada em Deleuze, ela propõe não dominar a natureza (ou a vida), mas se inserir nela, aceitando uma certa determinação (karma, DNA) para, a partir daí, criar a liberdade. Trata-se de “surfar a onda” do contexto, em vez de lutar contra ela de forma heroica ou niilista.
  9. “Infinita Highway” incorpora uma visão existencialista onde a estrada simboliza a vida sem um sentido pré-definido, marcada por uma liberdade plena, mas vazia. “Esportes Radicais” atualiza essa ideia, propondo uma ação diante da falta de sentido, expressa no verso “se nada faz sentido, há muito o que fazer”. A canção troca a busca por velocidade e competição pela “sabedoria de freios e airbag”, unindo o pessimismo da razão ao otimismo da vontade para criar sentido na imanência do cotidiano.
  10. O podcast menciona três pontos principais. O primeiro é a acusação de racismo na saída do primeiro baixista, Marcelo Pitz, devido a “brincadeiras” problemáticas dos outros membros. O segundo são declarações consideradas homofóbicas de Gessinger nos anos 90, quando afirmou não fazer mais sucesso por não ser gay. Por fim, critica-se a demora de Gessinger em se posicionar politicamente nas eleições de 2018, uma ambiguidade vista como negativa em um momento que exigia uma decisão clara.

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Questões para Redação

  1. Discorra sobre a trajetória filosófica dos Engenheiros do Hawaii, contrastando a influência inicial do pós-modernismo arquitetônico e do existencialismo de Camus com a posterior “sabedoria dos surfistas” influenciada por Deleuze. Como essa mudança se reflete na abordagem da banda sobre temas como liberdade, sentido e cotidiano?
  2. Analise a relação complexa dos Engenheiros do Hawaii com o sucesso, a mídia e o status de “produto” cultural. Utilize os exemplos dos álbuns A Revolta dos Dândis, Papa é Pop e Simples de Coração para argumentar como a banda usou a autoironia para criticar a indústria musical e sua própria posição nela.
  3. Compare e contraste as filosofias de Albert Camus e Jean-Paul Sartre, conforme apresentadas no podcast. De que maneira as letras e a postura pública dos Engenheiros do Hawaii refletiram a tensão entre a aceitação do “absurdo” (Camus) e a necessidade de engajamento e decisão (Sartre)?
  4. O podcast afirma que os Engenheiros do Hawaii “pensaram o nosso país”. Com base nas letras e conceitos discutidos (como “Longe Demais das Capitais”, a crítica à MPB e a campanha para Brizola), desenvolva um argumento sobre como a banda articulou uma visão sobre o Brasil a partir de uma perspectiva periférica e crítica.
  5. Discuta a afirmação de que a banda produzia “espantalhos” para demarcar sua diferença em relação a outros movimentos, como o punk e as outras bandas do rock nacional dos anos 80. Essa estratégia de diferenciação foi fundamental para a construção de sua identidade artística ou limitou sua capacidade de diálogo com a cena musical da época?

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Glossário de Termos e Conceitos

TermoDefinição (com base no contexto do podcast)
AbsurdoConceito central de Albert Camus, refere-se à condição de incompletude da existência humana. A vida não tem um sentido inerente, e qualquer tentativa de preenchê-la com teorias, amores ou ideologias para alcançar uma completude é negada.
Albert CamusFilósofo e escritor nascido na Argélia, autor de obras como “O Estrangeiro”, “O Mito de Sísifo”, “A Peste”, “O Homem Revoltado” e “A Queda”. Sua filosofia, centrada na noção do absurdo, influenciou profundamente as letras dos Engenheiros do Hawaii. Morreu tragicamente em um acidente de carro.
A Revolta dos DândisTítulo do segundo álbum da banda, considerado um clássico. O nome é uma referência direta a um capítulo do livro “O Homem Revoltado” de Albert Camus, no qual ele critica a postura do Dândi romântico.
Arquitetura ModernaCorrente arquitetônica associada a figuras como Le Corbusier. Caracteriza-se pela ideia de uma racionalidade que se impõe para moldar as formas de vida, criando “máquinas de morar” e cidades funcionais. A frase-chave associada é “arquitetura ou revolução”.
Arquitetura Pós-modernaReação à arquitetura moderna, associada a nomes como Robert Venturi e Aldo Rossi. Em vez da racionalidade e da busca pelo novo, valoriza a ironia, a fragmentação, a colagem, as referências pop e contextuais. A frase-chave que resume sua atitude é “menos é chato”.
Dândi (Dandismo)Figura criticada por Camus em “O Homem Revoltado”. O Dândi é aquele que nega o absurdo por meios estéticos, buscando uma solução na atitude e na aparência. Ele vive para um público, como se estivesse diante de um espelho, e sua existência depende da provocação e do olhar alheio.
ExistencialismoCorrente filosófica associada principalmente a Jean-Paul Sartre, mas também a Camus (que recusava o rótulo). A ideia central é que “a existência precede a essência”, ou seja, o ser humano não é definido previamente e precisa se construir através de suas escolhas, o que gera angústia.
Infinita HighwayCanção emblemática da banda que incorpora o clima cultural do existencialismo. A “estrada” simboliza a vida como um percurso sem um destino final ou sentido pré-definido, onde as placas não são obedecidas e a liberdade é plena, mas potencialmente vazia.
Jean-Paul SartreFilósofo considerado o “pai do existencialismo”. Defendia a necessidade de fazer escolhas e se posicionar politicamente, mesmo que isso gerasse angústia. Sua postura de engajamento constante contrastava com a de Camus, levando à ruptura entre os dois.
Le CorbusierUm dos principais nomes da arquitetura moderna. Ele é citado na primeira canção da banda como alguém que os “engenheiros” ironizados preferem ler em vez de Camus, simbolizando a preferência pela racionalidade moderna em detrimento da reflexão existencial.
Longe Demais das CapitaisTítulo do primeiro álbum da banda. Reflete a consciência do grupo sobre sua posição geográfica e cultural, pensando o rock nacional a partir do Rio Grande do Sul, fora do eixo hegemônico do rock brasileiro da época.
Marcelo PitzPrimeiro baixista da banda, descrito como tendo uma forte influência punk. Sua saída conturbada é citada como uma das controvérsias do grupo, envolta em acusações de racismo por parte dos outros membros.
Mito de SísifoObra teórica de Albert Camus que acompanha o romance “O Estrangeiro”. Nela, Camus usa o mito grego de Sísifo, condenado a rolar eternamente uma pedra montanha acima, para ilustrar a condição absurda da vida e propor que se deve “imaginar Sísifo feliz”.
O Homem RevoltadoObra teórica de Albert Camus que serve como contraponto ao romance “A Peste”. Nela, Camus explora a revolta contra o absurdo e critica tanto o dandismo romântico quanto os regimes totalitários (EUA e URSS) que se dão o direito de matar.
Papa é PopTítulo de um álbum da banda que marca uma fase de intensa crítica à sociedade de consumo e à cultura de massa. O nome faz referência à figura do Papa João Paulo II, que buscava os holofotes da mídia, tornando-se um produto pop, e dialoga com o livro “A Queda” de Camus.
PunkMovimento de contracultura que criticava o rock progressivo por seu virtuosismo e distanciamento do público jovem. O punk pregava o “faça você mesmo” e uma atitude de “ausência de futuro”. Os Engenheiros dialogaram criticamente com o punk, produzindo seus próprios “espantalhos”.
Robert VenturiArquiteto pós-moderno que influenciou a estética dos Engenheiros. Ao contrário do “menos é mais” moderno, Venturi defendia que “menos é chato”, elogiando a arquitetura significante e pop de Las Vegas, como outdoors e prédios com formatos que revelam sua função.
Sabedoria dos SurfistasMetáfora para a fase filosófica mais recente nas letras de Gessinger, influenciada por Deleuze. Representa uma postura de não dominar a natureza ou o caos, mas de se inserir no fluxo das coisas (“surfar a onda”), aceitando as determinações (karma, DNA) para criar liberdade a partir delas.
TropicalismoMovimento da MPB que já havia criticado a cobrança para que a canção representasse o país de forma séria. O Tropicalismo mostrou o absurdo de tentar representar um país contraditório com uma única voz de classe média, uma crítica que os Engenheiros seguiram por outra via.

Extra

A partir do texto A explusão interativa, disponível neste link (https://www.itaucultural.org.br/secoes/colunistas/a-exclusao-interativa) podemos propor uma aula extra que desenvolva mais o diálogo com a trajetória dos Engenheiros do Hawaii


🧭 Plano de Aula: A Exclusão Interativa – Filosofia, Cultura e Simulacro

Disciplina: Filosofia (com integração possível com Sociologia, Literatura e Artes)

Série/Ano: 3º ano do Ensino Médio

Duração: 2 aulas de 50 minutos (com possibilidade de extensão para projeto final)


🎯 Objetivos Gerais


📌 Objetivos Específicos

Ao final da aula, os alunos serão capazes de:


📚 Competências BNCC


🧰 Materiais Necessários


🧪 Procedimentos

Aula 1 – Introdução ao Simulacro e à Cultura Midiática

  1. Aquecimento (10 min):
    • Pergunta provocativa: “Você já sentiu que sua vida está sendo ‘transmitida’ como um reality show?”
    • Exibição de trecho de O Show de Truman (5 min)
  2. Leitura Guiada (20 min):
    • Leitura coletiva de trechos do texto (parágrafos sobre reality shows e simulacro)
    • Discussão em grupos: “O que é simulacro? Como ele aparece na nossa vida?”
  3. Análise Musical (15 min):
    • Ouvir O Papa é Pop e discutir: “A música critica ou celebra o simulacro?”
  4. Encerramento (5 min):
    • Anotar uma pergunta filosófica que surgiu durante a aula.

Aula 2 – Sociedade de Controle e Exclusão Interativa

  1. Retomada (5 min):
    • Compartilhar perguntas anotadas na aula anterior.
  2. Estudo de Caso (20 min):
    • Leitura do trecho sobre o “paredão de professores” e debate sobre controle e vigilância.
    • Relacionar com redes sociais e cultura do cancelamento.
  3. Produção Criativa (20 min):
    • Escolha entre:
      • Redação crítica: “Vivemos em uma sociedade de controle?”
      • Roteiro de podcast: “Simulacro e exclusão interativa na escola”
      • Mapa conceitual: Baudrillard, Deleuze, cultura pop
  4. Encerramento (5 min):
    • Autoavaliação: “O que aprendi sobre mim e sobre o mundo com esse texto?”

📝 Avaliação


🔄 Extensões e Adaptações


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