O episódio Questões para a filosofia africana virou livro e aqui e está disponível gratuitamente em pdf. Baixe, leia, compartilhe e continue esse diálogo!
Texto para orelha da edição impresa do professor Pedro Acosta-Leyva, Diretor do Instituto de Humanidades e Letras-UNILAB:
O livro do filósofo e professor Marcos Carvalho Lopes nos traz uma História da Filosofia Africana de maneira dialogada. Com leveza poética, apresenta e analisa as categorias e conceitos estruturantes do pensamento africano dentro do contexto histórico, fazendo anotações que permitem uma leitura didática e rigorosa. Ao mesmo tempo, percebem-se, no texto, duas tensões: a primeira aponta para a experiência bem sucedida do professor Marcos em ensinar, durante oito anos consecutivos (2014-2022), a disciplina de Filosofia Africana para estudantes brasileiros e de cinco países africanos, empreitada vivenciada na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) no Recôncavo da Bahia. Ensinar a um público mais ou menos homogêneo é imensamente diferente e menos desafiador do que ter em sala de aula pessoas de origens tão diversas: seis países, uma rica diversidade étnica e sociocultural, com situações políticas, muitas vezes, traumáticas e ainda manter consigo a utopia de compreender para transformar. A segunda tensão, diz respeito ao enorme esforço de auto reconhecimento do filósofo-professor Marcos Carvalho Lopes, como um acadêmico possuidor de sólida formação na Filosofia Ocidental, e que, de maneira incansável, buscou acessar e tornar acessíveis as bibliotecas “não coloniais” de estudiosos e estudiosas africanos e africanas. Humildemente, ele precisou sentar-se e apreender. O livro percorre uma longa viagem que inclui Zera Yacob (1599-1692), Wilhelm Amo (séc XVIII), Cheikh Anta Diop, Alexis Kagame, Hountondji, passando por temas como a força vital até o mais recente e importante debate sobre o feminismo africano. África é um imenso continente com 54 países e cada autor interpreta o mundo e a tradição filosófica desde sua própria história e há que ainda se levar em conta que a “filosofia” se escreve e se pensa em línguas ocidentais diferentes….em suma, a obra de Marcos Carvalho Lopes nos brinda com uma síntese erudita, mas compreensível; crítica, mas não panfletária; ampla e apaixonante da filosofias-pensamentos africanos. Uma contribuição inestimável deste grande intelectual para o campo dos estudos africanos.
Professor Pedro Acosta-Leyva, Diretor do Instituto de Humanidades e Letras-UNILAB