A primeira vez que ouvi falar em “meme” – o termo é uma invenção de Richard Dawkins – foi lendo o livro de Daniel C. Dennett A perigosa ideia de Darwin. A evolução e os significados da vida em que os descrevia como “unidades de transmissão cultural análogas aos genes na evolução biológica” Dawkins pensava os memes como unidades culturais ou unidades imitativas, que poderiam ser ideias (como a de Deus), textos (formas de discurso, piadas etc.) e práticas (como rituais religiosos). A ideia de uma ciência para estudar a evolução dos memes, uma memética tomou configurações diversas que se complicam com a apropriação do termo pela internet.
Para Limon Shifman, em tempos de individualismo conectado as pessoas utilizam memes para expressar tanto características únicas ao mesmo tempo em que exaltam sua conectividade. Esse duplo e paradoxal aspecto dos memes facilitam sua replicação.
Comemorando este primeiro ano do “filosofia pop” resolvi brincar um pouco no jogo de criar memes, mantendo a estrutura formal de imagens e ordenação de textos disponíveis em sites da internet, reproduzindo a frase “um ano de filosofia pop” complementada com outro período que faria a conexão com a imagem e a narrativa que pressupõe especificamente, procurando algo que fizesse sentido em relação ao projeto e nosso público. O resultado dessa brincadeira são os memes abaixo.
P.S.: Hermano Viana conta ter conhecido um russo em 1989 que não conseguia entender o que significava certo símbolo que tomava conta da cidade: era a propaganda do filme Batman feita somente com o “batsinal”. Para desvendar o que significava o “batsinal” era preciso uma série de outras informações que seu amigo russo não teve do lado de lá da Guerra Fria. Neste contexto em que o universal é deixado de lado em favor do “comum”, os memes dificilmente transcendem o já sabido e o reafirmam como um código cultural compartilhado. O problema, como expressa um poeta goiano, é fazer “a dublagem do melhor no mais comum”.