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O jovem Richard Rorty e o academicismo

por Marcos Carvalho Lopes

Foi o sociólogo Neil Gross quem descobriu em sua pesquisa de arquivos o texto “The philosopher as expert” [O filósofo como especialista], ensaio escrito por Rorty entre 1959 e 1961, publicado pela primeira vez em 2009 (como conteúdo extra na edição de trigésimo aniversário de Philosophy and the Mirror of Nature). . O principal interesse neste texto está naquilo que ele pode representar para o entendimento da trajetória intelectual do filósofo norte-americano, mais especificamente no desenvolvimento de seus questionamentos metafilosóficos e na mudança de suas conclusões sobre o sentido da filosofia (TARTAGLIA, 2011, p. 167-168).

Existe um contraste entre as posições do jovem doutor que iniciava sua carreira e procurava conquistar um posto como professor efetivo dentro de uma grande Universidade e aquelas que fizeram dele – vinte anos mais tarde – um dos filósofos mais relevantes de seu tempo, em grande medida por questionar frontalmente os caminhos e pretensões da filosofia acadêmica. Gross não se prende à análise deste texto, que tem pouca repercussão em sua perspectiva epistemológica. O ensaio descoberto por Neil Gross antecipa a divisão entre um tipo de discurso normal e outro anormal na filosofia justamente no momento em que o pensador norte-americano tentava ascender dentro da academia. É preciso, pois, levar em conta o contexto em que o jovem filósofo escreveu este texto para compreender mais adequadamente seu sentido.

O dilema entre os temas que lhe interessavam mais instintivamente e aqueles que lhe garantiriam possibilidade de ascensão acadêmica foi descrito retrospectivamente por Richard Rorty como um fantasma que atormentou sua geração

Já no começo da década de cinquenta, estudantes de filosofia como eu, que foram atraidos pela filosofia por conta de terem se apaixonado por Platão, Hegel ou Whitehead, tinham que obedientemente escrever teses de doutorado sobre tópicos caros a Ayer, como a análise adequada de sentenças condicionais subjuntivas. Este era, com certeza, um problema interessante. Mas ficou claro para mim que se eu não escrevesse sobre algum problema como respeitabilidade analítica, não conseguiria um emprego realmente bom. Como o resto da minha geração de doutores em filosofia, eu não era exatamente cínico, mas sabia de qual lado teria mais chances de conseguir meu sustento. (RORTY, 1996h)[1]

Para o jovem professor, o dilema tinha uma dimensão a mais, já que, ao se adequar ao jargão e temas acadêmicos, ele se afastava das expectativas de seus pais. Em 1961 – quando publicou seu primeiro e importante artigo, “Pragmatism, Categories and Language” – Richard Rorty enviou um exemplar para seu pai. James Rorty agradeceu, mas não deixou de ironizar a adesão do filho a um academicismo que considerava tacanho:

Li-o minunciosamente de uma só tacada, sem dificuldade, e até me convenci de que entendi o que você estava falando. Dê-me tempo e ainda ei de ser um filósofo; é mais fácil do que eu pensava uma vez que se aprenda os termos. Percebo tardiamente que a filosofia não se preocupa tanto com o que você acredita, mas como acredita ou duvida ou pensa – pelo menos esta é a principal preocupação atual dos filósofos, o problema epistemológico, como acho que é chamado, depois de ter consultado o Dicionário Oxford pela vigésima vez. (apud GROSS, p. 162)[2]

Rorty sentia-se culpado pelo sacrifício de seus pais para mantê-lo em Chicago e, por isso, muitas vezes se autodepreciava e ficava ansioso por bons resultados (GROSS, 2009, p. 99). Não por acaso, a decisão de cursar filosofia aconteceu para Richard aos 16 anos, junto com seu primeiro período severo de depressão em Chicago, problema que o fez buscar ajuda médica. A relação entre a bilis negra e a atividade filosófica como “sintoma” faria um psicólogo nietzschiano ficar ironicamente desconfiado.

Os pais de Rorty apoiaram a decisão do filho de se dedicar ao estudo de Filosofia. No entanto, como intelectuais de esquerda engajados no debate público, não deixaram de alertá-lo para os perigos do academicismo. Sua mãe, Winifred Raushenbush, considerava que a universidade era provavelmente o lugar mais adequado para o temperamento e talento de Dick e, por isso, acreditava que o filho estaria vinculado a elas por muito tempo, senão por toda sua vida. Apesar dessa constatação, alertava-o para os perigos de que se prendesse em uma torre de marfim e se escondesse da vida:

Um dos problemas que em algum momento você vai ter que resolver será algo sobre o qual você já tem consciência: que é a familiaridade e algum domínio do mundo não acadêmico. Se se mantiver nas universidades como forma de se desviar deste problema – que talvez seja o que muitos acadêmicos têm feito, pelo menos aqui neste país – não seria algo bom.[…] Estou segura de que você vai enfrentar este obstáculo em seu próprio tempo e que este não tolherá por uma evasão o, até agora, tão bonito desenvolvimento de sua vida. (apud GROSS, 2008, p. 101-102)[3]

James Rorty, que em nome do sustento teve que deixar sua paixão pela poesia em segundo plano, tinha esperança de que seu filho tivesse a possibilidade de seguir os próprios gostos. Acreditava que estava no caminho certo ao escolher cursar Filosofia, pois este seria um meio para adquir autoconhecimento, o que talvez servisse como alívio para melancolia. Em uma carta deste período, 1947, James Rorty estimulou o filho nesta escolha, já que a Filosofia poderia servir para qualquer caminho que quisesse seguir. Incentivou-o projetando o resultado terapéutico que a “amizade pela sabedoria” ofereceria:

Um pouco de tranquilidade, eu espero; uma pequena chance para serenamente descobrir a si mesmo, possivelmente através de uma nova tentativa de liberação de sua própria necessidade de criação: através da escrita, possivelmente através da poesia, qualquer tipo de escrita criativa. Lamento todos os meus desvios para o jornalismo etc. Teria sido melhor se eu tivesse me mantido, apesar de todo sacrifício, no caminho criativo. (apud GROSS, p. 102-103)[4]

Deste modo, a ansiedade do jovem filósofo por conquistar um posto de prestígio acadêmico, desenvolvendo trabalhos técnicos que não tinham relevância ou conexão com questões políticas e sociais, significava seguir em uma direção que seus pais, engajados militantes de esquerda, consideravam estéril.

Neil Gross está certo quando afirma que “O filósofo como especialista” foi escrito como uma tentativa do jovem doutor de justificar para os pais sua “adesão” ao academicismo e aproximação da filosofia analítica como passos necessários para que pudesse construir uma carreira como filósofo profissional. O tema do ensaio é o caráter paradoxal da atitude daquele que vê do lado de fora (outsider) o trabalho dos filósofos profissionais, já que todos, de forma vaga, acreditam que a Filosofia é tremendamente importante. No entanto, ninguém está interessado suficientemente para buscar saber mais sobre os detalhes dos debates filosóficos. Mas se a Filosofia é considerada “a rainha das ciências, fonte dos valores últimos e daquilo que dá direção para a humanidade”, não merece mais atenção por parte do público em geral? Antes desta interrogação, seria preciso saber se os filósofos profissionais, para adquirir relevância social, poderiam ou deveriam fazer algo diferente daquilo que fazem.

Richard Rorty começa o ensaio “O filósofo como especialista” de modo pouco ortodoxo, imaginando como um jornal de grande circulação noticiaria o encontro da Associação Nacional de Filosofia. Provavelmente com uma nota em um lugar pouco valorizado: uma pequena peça feita para preencher espaço, sinal de que o assunto não possui relevância para o público em geral. A seguir, especula sobre a reação de alguém que não é especialista, mas que tem simpatia pelo saber filosófico diante desta falta de repercussão das questões discutidas pelos filósofos profissionais. Este leitor ilustrado multiplicaria interrogações: “Não haveria nada de relevante nos debates desenvolvidos pelos filósofos e que o jornal deixou de relatar?”; “Ou estes filósofos profissionais ficaram lendo seus papers escritos por e para especialistas?”; “Seria a Associação de Filosofia simplesmente uma comunidade esotérica de iniciados que trata de questões que não têm nenhuma relevância pública?” etc.

Para desenvolver essa questão Richard Rorty se vale de dois “tipos”: o intelectual literário ou ideólogo e o jovem filósofo profissional que quer conseguir um lugar na academia. O intelectual literário tem interesses amplos, lê revistas engajadas politicamente (cita Encounter e Partisan Review, não por acaso títulos que seus pais costumavam ler) e descarta a filosofia profissional, usando para isso algum clichê de terceira mão que promove uma generalização histórica reducionista que faz da academia um lugar irrelevante. Com isso, o intelectual literário toma para si o papel de crítico ou consciência de sua cultura, sem se perguntar sobre os motivos que levaram os filósofos profissionais a abdicar (ou reivindicar) esta diferença. Os intelectuais literários atuam como ideólogos:

Para o ideólogo, tout commence en mystique et finit en politique [tudo começa na mística e termina na política]. O slogan que ouve repercute no fundo de sua alma, com a ressonância de uma voz peculiar projetada em um grande espaço vazio: ‘A existência precede a essência’, ‘A metafísica é produto de uma gramática defeituosa’, ‘A verdade é o que funciona’, ‘O Homem é alienado do Fundamento do seu Ser’. Porque ele não se questiona sobre quais perguntas estes slogans tentam responder e quais perguntas geram, não compreende a relatividade das respostas e perguntas. (RORTY, 2009c, p. 416)[5]

Já o “jovem professor Dimble” procura desesperadamente adquirir o destaque necessário para conseguir uma vaga como professor efetivo. Para tanto, promete que em breve publicará um livro sobre valores éticos pensados a partir do paradigma linguístico (embora desconheça qualquer coisa sobre gramática comparada, fonética etc.), caindo também em um silêncio embaraçoso quando lhe perguntam sobre dilemas éticos. Ao encontrá-lo em um coquetel, provavelmente não será uma companhia muito agradável nem mesmo para aqueles que têm simpatia por filosofia: nada sabe de autores mais populares – como Kierkegaard – e ignora história da Filosofia. Suas leituras estão focadas nas revistas científicas mais prestigiadas de seu campo, sendo que toda sua devoção está em acompanhar a obra do filósofo inglês contemporâneo Waffle (outra caricatura do ensaio), autor de um artigo de “tremenda importância” publicado recentemente na revista Mind (RORTY, 2009c, p. 397).

Com o “jovem professor Dimble”, Rorty satiriza sua própria condição de recém-formado na busca por colocação profissional. Embora não tivesse a estreiteza dos interesses de seu personagem, coloca em questão a necessidade de se manter dentro do método e rigor técnico para participar do diálogo dos filósofos profissionais e ser aceito também como um filósofo.

Com a amplitude de interesses do intelectual literário preso a clichês e a estreiteza do jovem professor Dimble em sua ânsia de ser tomado como um “cientista” sério, Richard Rorty ilustra um conflito que define a própria história da Filosofia, “a tensão entre filosofia como ciência e filosofia como visão é tão antiga quanto a própria palavra filosofia”. Este choque foi o tema dos principais diálogos de Platão e é aquilo que move o desenvolvimento da Filosofia: “É o esforço para eliminar essa tensão que tem inspirado cada uma das revoluções no pensamento filosófico – revoluções que são a verdadeira matéria-prima da história da filosofia” (RORTY, 2009c, p. 401-402)[6]. De um lado está a percepção da Filosofia como uma forma de arte, a construção poética incorporada na obra de um grande pensador, que traz à tona os pressupostos não expressos das filosofias anteriores, produzindo uma visão sublime que converte o próprio conteúdo da investigação e o que deve ser questionado. Por outro, existe o trabalho daqueles que se guiam pelo exemplo da ciência, procurando atingir a beleza do que é claramente comunicável, que possui rigor lógico e é justificado intersubjetivamente.[7] O choque entre essas duas formas de ver a Filosofia é contínuo e inevitável:

A filosofia se tornará uma forma de arte somente, se e quando, os filósofos pararem de conversar uns com os outros. Ela se tornará uma ciência somente, se e quando, os filósofos concordarem que certo método em particular incorpora tanto as questões que querem responder como os critérios para reconhecer quando alcançaram as respostas. A “última” filosofia poderia ser qualquer coisa, mas de modo algum seria uma filosofia tal como conhecemos: se for inteligível seria uma estranha forma de poema ou um estranho tipo de manual técnico. (RORTY, 2009c, p. 404)[8]

A combinação entre visão imaginativa e domínio técnico é uma característica que distingue os gênios da filosofia. Estes autores propõem uma tradução de seu tempo, questionando pressupostos e modificando as questões que devem ser consideradas relevantes. Com a amplitude de sua proposta, estes filósofos conseguem alcançar relevância pública como se personificassem a sabedoria de uma época. Os que não possuem domínio técnico e são seduzidos por este tipo de visão, mas não são capazes de avaliá-las, tendem a ocupar um lugar político brandindo slogans reificados como instrumentos para efeitos práticos. Já os profissionais da filosofia, como Dimble, desenvolvem uma tarefa mais humilde, prosaica e colaborativa, investigando de modo cuidadoso e detalhado questões que não fazem sentido para os que não estão “por dentro” do que é motivo de debate nas revistas e sociedades científicas do campo filosófico. Os grandes filósofos propõem novas perspectivas e questões que têm um sentido revolucionário; no entanto, a avaliação da aplicabilidade de suas posições pede que tais propostas épicas sejam transformadas em conteúdo prosaico, a partir do questionamento detalhado e cuidadoso de seus argumentos, em um diálogo contínuo que é o produto próprio da filosofia.

A conclusão de Rorty é de indulgência com a filosofia profissional com um pouco convincente otimismo leibziniano: os filósofos profissionais não precisam receber mais atenção do que têm recebido, mas devem ter liberdade para continuar sua investigação sem interferências externas. Este é um convite para que o outsider reconheça sua incompetência e aceite que o diálogo filosófico deve continuar a ser desenvolvido pelos filósofos profissionais que têm competência para isso. Rorty defende o campo filosófico afirmando que nem todos devem se tornar filósofos, nem os filósofos devem fazer algo diferente do que vêm fazendo; mas também deve ter provocado mal estar ao afirmar que não existe um conjunto de verdades ou um método filosófico que funcione universalmente (RORTY, 2009c, p. 220-221). O diálogo que propõe é historicista e nisso se desvia da caricatura de Dimble.

O estilo de Rorty neste texto foge ao padrão da escrita técnica/analítica para um paper científico “sério”. Não por acaso, permaneceu inédito, rejeitado pela Yale Review, considerado disforme e muito demorado para definir suas questões (GROSS, 2009, p. 163). Nele misturou gêneros, construiu caricaturas de “tipos” do universo acadêmico (como o velho professor Dulkenberg e o filósofo da mente Waffle), imaginou diálogos e situações sociais para contextualizar seus questionamentos etc. A tensão entre poesia e ciência que se encena no estilo deste texto não apenas umedece a “pílula” do academicismo. Em nenhum de seus trabalhos posteriores Rorty retomou o tom experimental, divertido e irônico deste ensaio. Até mesmo porque o risco desta ironia em um efebo é diverso daquele que enfrenta alguém que já tem estabilidade institucional ou autoridade semântica para propor a relevância de suas idiossincrasias.

O texto permanece na tentativa de apresentar o que seria propriamente a tarefa da filosofia, falando de um diálogo contínuo e autossuficiente, mas rompe com esta tarefa ao aceitar as perguntas do leigo, ainda que com o objetivo de desqualificá-las. As mudanças de tom trazem hesitação e insegurança que se reveste de autoridade, situando-se em um lugar outro que não foi reconhecido como “academicamente consistente”. A tentativa de justificar o trabalho dos iniciados e a necessidade de “castração” para fazer parte da comunidade daqueles que abdicam de qualquer autocriação para fazer o trabalho operário fundacional da filosofia é um ato que falha. A pretensão deste texto é desmedida e imprudente, com a ingenuidade e a arrogância de quem reivindica o nome de filósofo, porém justificando uma castração desta mesma possibilidade em favor da instituição. Em um gesto ascético de humildade e masoquismo o diálogo como produto da filosofia acadêmica – ou não – é, nestes termos, uma promessa negada desde o princípio.

Se este texto tivesse sido aceito e publicado, as questões metafilosóficas de Rorty se imporiam como seu trabalho inicial e não seria preciso converter-se em um filósofo analítico? O esquecimento deste trabalho traz a tentação de fazer surgir a partir dele uma teleologia falhada, comparando e fazendo dele brotar textos e questões. Sabendo das tempestades posteriores, podemos ver nele um guarda-chuva esquecido, mas aqui sublinharemos a diferença de avaliação do intelectual literário e o flerte academicamente fracassado com o estilo literário. Em verdade, a rejeição do texto não significou a “morte” do jovem professor Dimble; este personagem e sua sombra continuaram acenando na obra de Rorty.

P.S: este texto é um trecho adaptado de minha tese de doutorado Uma defesa da poesia: poesia e autocriação na filosofia de Richard Rorty (UFRJ, 2013)


[1] “As early as the 1950s, philosophy students like myself Who had, as undergraduates, been attracted to philosophy as a result of falling in love with Plato or Hegel or Whitehead, were dutifully writing Ph.D. dissertations on such Ayer-like topics as the proper analysis of subjunctive conditional sentences. That was, to be sure, an interesting problem. But it was clear to me that if I did not write on some such respectably analytic problem I should not get a very good job. Like the rest of my generation of philosophy PhD’s, I was not exactly cynical, but I did know on winch my side my bread was likely to be buttered”.

[2] “I read it through at a sitting without difficulty and have even persuaded myself that I understood what you were talking about. Give me time and I shall yet be a philosopher; it’s easier than I had thought, once one learns the terms. I realise belatedly that philosophy is concerned not so much with what to belief, but how to believe or doubt or think — at least that this is the chief present preoccupation of philosophers, the epistemological problem as I find it is called, having looked it up in the Oxford dictionary for the twentieth time”.

[3] One of the problems you will at some point have to solve will be one that you are already yourself aware of: that is acquaintance and some mastery of the non-academic world. If you stick to universities by way of evading this problem—which is what many maybe most academicians have done, here in this country, at least—that would not be good. (In Europe the situation is I fancy somewhat different, because learning is somewhat more esteemed). I am confident that you will take this hurdle in your own good time and that you will not cramp the so far beautiful development of your life by an evasion.

[4] “A little relaxation, I hope; a little chance quietly to discover yourself, possibly through a renewed attempt to release your own creative need: through writing, possibly through poetry; creative writing anyway. I regret all my diversion into journalism, etc. It would have been better if I had kept, at whatever sacrifice, to the creative path”.

[5]“For the ideologue, tout commence en mystique et finit en politique. The slogan that he overhears reverberates in the depths of his soul, with the peculiar resonance of a voice projected into a large empty space: “Existence precedes essence,” “Metaphysics is a product of faulty grammar”, “Truth is what works”, “Man is alienated from the Ground of his Being”. Because he doesn’t ask himself what questions these slogans answers nor what question they give rise, the not grasp the relativity of answers and questions”.

[6] The tension between philosophy as science and philosophy as vision is as old as the word “philosophy” itself. It was explicit in Plato, and formed one of the principal themes of his dialogues.It is the effort to eliminate this tension that has inspired each of the successive revolutions in philosophical thought — revolutions that are the very stuff of the history of philosophy.

[7] Neste texto, embora Rorty não utilize o termo “belo” e “sublime” para identificar este conforto, ele aparece no artigo “La belleza racional, lo sublime no discursivo y la comunidad de Filósofas y filósofos”, de 2001. cf. Rorty, 2001z.

[8] Philosophy will become an art form only if and when philosophers cease to talk to each other. It will be- come a science only if and when philosophers agree that certain epoch, particular formulae embody both they want answered and the criteria for knowing when answers have been given. The “last” philosophy, could there be such a thing, would not be a philosophy,as we know it, at all: it would be,if it were intelligible, an odd kind of poem, or an odd kind of technical manual.

Marcos Carvalho Lopes

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