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Sororidade, Nkiru Nzegwu

“Sororidade”[i] Nkiru Nzegwu (28/07/90)

A irmã branca me disse

que todas as mulheres são uma

unidas na face

do chau’vinismo

(pa’don meu ingrês)

eu sorria

pa…paa

pa…tri…arca…do é a cruz

que as mulheres carregam, ela cobrou

que devemos nos unir 

para lutar

com todas as nossas forças

eu ri…

atormentada por espasmos

a minha cabeça sacudiu para trás

em trêmula oscilação

de um lado para o outro.

irmã mimada

estimule a si mesma

para o frenesi

com contos quixotescos

de ‘xploração masculina

eu…

mulher negra “burra”

ri sem alegria,

afastando as lágrimas

de dor dos olhos.

olhei acima

da minha tarefa

no chão da cozinha

onde, nova irmã encontrada

tinha ordenado que eu fosse

de joelhos

esfregar o chão limpo

pela ninharia que ela pagou:

de joelhos

esfregar o chão limpo

para a sororarquia

(NZEGWU, 2003).


[i] Traduzido por Aline Matos da Rocha. O poema foi publicado originalmente com o título “Sisterhood”. In: OYĚWÙMÍ, Oyèrónkẹ́. (ed.). African Women and Feminism: Reflecting on the Politics of Sisterhood, edited. Africa World Press, Trenton: New Jersey. 2003, p. vii. O poema de Nkiru Nzegwu nos chama a atenção que a sororidade, modelo que traduz as relações de solidariedade entre “mulheres”, na teoria e na prática é uma sororarquia (N. da T).

Marcos Carvalho Lopes

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