Gonzalo Armijos Palácios (publicado originalmente no Jornal O Popular em 2015)
Em várias oportunidades tenho dito que o que mais me impactou, desde criança, era a miséria, a pobreza, a desigualdade e o sofrimento da maioria das pessoas como consequência disso. Em países como os nossos, esses assuntos assumem, diríamos, certa coloração. Para dizê-lo de outro modo: a cor da pele está atrelada a isso tudo. É que, nos “nossos” países, e os não tão “nossos”, como nos Estados Unidos, os mais pobres são índios ou negros.
Mesmo que o mundo em que estou inserido fosse de só brancos, ou só índios ou só negros, seria contra a criminalização das drogas. Por vários motivos. Entre eles, todos os citados no relatório das Nações Unidas, publicado no ano passado e apoiado por diversas personalidades internacionais, presidentes e ex-presidentes de Estado entre elas. Para citar algumas: o fracasso, nas últimas décadas, do combate ao consumo de drogas e o consequente crescimento e fortalecimento do crime organizado. Como muitas dessas personalidades sentenciam, numa frase: a guerra contra o crime organizado e o consumo de drogas fracassou. É, de fato, uma guerra perdida. Por um lado, por outro, existe o fato de a produção, comercialização e venda de bebidas alcoólicas não só não ser um crime, como seu consumo estar rodeado de certo charme e toque de distinção, como querem mostrar as propagandas de uísque, vinho, vodka, rum e outras bebidas. Apesar de o consumo de álcool, comprovadamente, ser tão nocivo — e tão mais prejudicial que o da maconha, por exemplo.
No artigo anterior me referia a um dado que é mesmo surpreendente: apesar de os Estados Unidos representarem apenas 5% da população mundial, seus cárceres aprisionam 25% dos detentos do planeta. Muitos deles por estarem ligados ao consumo ou ao tráfico de drogas e, dentre eles, a maioria ser de negros ou hispânicos. O fato é que as populações mais pobres estão mais sujeitas à delinquência, e maior parte dos mais pobres são negros, índios, mestiços ou, como nos Estados Unidos, hispânicos.
Desde esta última quinta-feira (dia 26), na cidade de Washington já é legal o uso recreativo da maconha e se está considerando regulamentar sua distribuição e venda, como nos estados de Colorado e Washington. Na mesma semana passada, o uso recreativo da maconha já é legal, também, no Alaska.
Enquanto nada seja feito, a desproporção enorme entre negros e brancos nas prisões seguirá se aprofundando. E assim, nos “nossos” e não tão “nossos” países, ser negro e pobre continuará sendo meio caminho andado para ser considerado um criminoso cujo fim é ser levado àquilo em que as prisões se converteram: em depósitos de negros e pobres sem esperanças de ser tratados nelas como outra coisa que não como animais infestados que merecem mesmo ter a vida miserável que essas prisões oferecem.
José Gonzalo Armijos Palacios - Possui graduação e doutorado em Filosofia pela Pontificia Universidad Católica Del Ecuador (1978 e 1982, respectivamente) e doutorado em Filosofia pela Indiana University (1989). Realizaou estudos de pós-doutorado na Indiana University em 1996 e 1997. Desde1992 é professor titular da Universidade Federal de Goiás.
Usamos cookies para otimizar nosso site e nosso serviço.
Funcional
Sempre ativo
The technical storage or access is strictly necessary for the legitimate purpose of enabling the use of a specific service explicitly requested by the subscriber or user, or for the sole purpose of carrying out the transmission of a communication over an electronic communications network.
Preferências
The technical storage or access is necessary for the legitimate purpose of storing preferences that are not requested by the subscriber or user.
Estatísticas
The technical storage or access that is used exclusively for statistical purposes.The technical storage or access that is used exclusively for anonymous statistical purposes. Without a subpoena, voluntary compliance on the part of your Internet Service Provider, or additional records from a third party, information stored or retrieved for this purpose alone cannot usually be used to identify you.
Marketing
The technical storage or access is required to create user profiles to send advertising, or to track the user on a website or across several websites for similar marketing purposes.
Contains information related to marketing campaigns of the user. These are shared with Google AdWords / Google Ads when the Google Ads and Google Analytics accounts are linked together.
90 days
__utma
ID used to identify users and sessions
2 years after last activity
__utmt
Used to monitor number of Google Analytics server requests
10 minutes
__utmb
Used to distinguish new sessions and visits. This cookie is set when the GA.js javascript library is loaded and there is no existing __utmb cookie. The cookie is updated every time data is sent to the Google Analytics server.
30 minutes after last activity
__utmc
Used only with old Urchin versions of Google Analytics and not with GA.js. Was used to distinguish between new sessions and visits at the end of a session.
End of session (browser)
__utmz
Contains information about the traffic source or campaign that directed user to the website. The cookie is set when the GA.js javascript is loaded and updated when data is sent to the Google Anaytics server
6 months after last activity
__utmv
Contains custom information set by the web developer via the _setCustomVar method in Google Analytics. This cookie is updated every time new data is sent to the Google Analytics server.
2 years after last activity
__utmx
Used to determine whether a user is included in an A / B or Multivariate test.
18 months
_ga
ID used to identify users
2 years
_gali
Used by Google Analytics to determine which links on a page are being clicked
30 seconds
_ga_
ID used to identify users
2 years
_gid
ID used to identify users for 24 hours after last activity
24 hours
_gat
Used to monitor number of Google Analytics server requests when using Google Tag Manager