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Para quem pensa a filosofia como modo de vida, a forma como retrata Sócrates é uma chave importante para entender o que considera o ideal dessa prática. Nesses ensaios você vai encontrar a descrição de Sócrates feita a partir da “Filosofia” de Noel Rosa, como uma combinação de soberba e ironia, idêntica aquela que justifica a posição do malandro, que se equilibra para não ser governado “por essa gente que cultiva hipocrisia”. Vai encontrar também uma redescrição da malandragem, feita por Cazuza, na busca de fugir das redes clientelistas e tentar sobreviver sem “um arranhão da caridade dos que nós detestam”.
Essa malandragem explica (ou ajuda a compreender) a dificuldade da filosofia acadêmica de repercutir e incorporar o debate público e a posição paradigmática de outras formas culturais (canção, cinema, novela etc.) para pensar o Brasil? Caetano Veloso, que era estudante de filosofia, na dúvida sobre as possibilidades de vida intelectual no Brasil, achou melhor pensar através de canções. Mas seria um erro acreditar que esse fenômeno seja distintivamente brasileiro, já que é resultado da substituição de livros-sagrados pelo cinema, pela televisão, pelas canções e outros produtos culturais como fundamentais na formação de identidades e nas demandas de autocriação como consumo. O tropicalismo trouxe essa questão e uma série de outras perguntas que continuam mobilizando o pensamento, sem uma resposta definitiva. É o caso da necessidade incontornável de lidar com a questão racial, de problematizar a ideia de democracia racial e, ao mesmo tempo, projetar um caminho para construção comum do país.
Neste “projetar” do Brasil, o cinema deu lugar a televisão como inventor do cotidiano, principalmente através das telenovelas. Existe uma diferença especifica da telenovela brasileira que justifica seu sucesso e afirmação de um gênero? Procuramos responder essa questão, e, ao mesmo tempo, pensar as consequências do domínio do tipo de padrão narrativo maniqueísta da telenovela em nossas narrativas públicas, que invade os telejornais e toma forma em consequências práticas sobre como agimos e pensamos, repercutindo em nosso senso de realidade.
Se a “religiosidade” é o que nos liga a realidade, e a realidade toma a forma de uma narrativa de telenovela, o que fazer? Ficar esperando o carnaval chegar? Mas o carnaval é a revolução ou uma inversão momentânea, que reforça a celebração do mesmo? A polifonia do carnaval não permite que uma resposta se fixe sem que exista reducionismo, por isso é preciso pensar dentro, fora e para além do bloco (ou explodir essa forma de apartheid social cotidiano, como faz o Baiana System). As cordas e as correntes desta divisão são o racismo, a negação da cultura negra e indígena, a cicatriz aberta do colonialismo, atualizado no autoimperialismo; as deformações de uma sociedade moldada por séculos de escravidão, patriarcado, clientelismo; mas também, a negação da possibilidade de pensamento. Por isso, mesmo perdidos em campo e levando um gol após o outro, vamos pra cima de modo atabalhoado e temerário, acreditando na automitificação que nega qualquer Outro: somos os melhores do mundo! Um 7 a 1 que não acaba com o 7 a 1… mas é transe, medo e delírio, a egotrip de Descartes no livro Catatau de Leminski… o entusiasmo dos deuses! Vamos!
Editora: Ape’Ku Editora
ISBN: 978-65-80154-59-3
Ano de edição: 2023
Distribuidora: Ape’Ku Editora
Número de páginas: 176
Formato do livro: 16 x 23 cm
Número da edição: 1