Gonzalo Armijos Palácios (publicado originalmente no Jornal O Popular em 2015)
O título não é uma contradição, nem um trocadilho sem graça. É mais um triste capítulo na contínua realidade de discriminação e perseguição contra os negros. Costumo escrever sobre algum assunto que me preocupa ou algum fato marcante. E outro era o assunto sobre o qual iria escrever hoje. Tratava-se de uma movimentação nos Estados Unidos de empresas que querem aumentar seus ganhos ao preço de restringir a cópia de livros que, no mundo inteiro, são de domínio público. Obras escritas há mais de 75 anos, nas mais diversas áreas, que as grandes mentes nos legaram e que podem ser obtidas por meio da Internet. Algumas delas, como as de Homero e Hesíodo, têm aproximadamente 2800 anos. Mas, diante de uma notícia que mostra, mais uma vez, o ódio intestino que se tem contra os negros, não podia deixar de escrever sobre isso. Ocorreu na Florida, em Miami. Trata-se, de novo, de um episódio envolvendo policiais norte-americanos que, ultimamente, têm acirrado sua perseguição contra os negros, matando inocentes, sejam adultos, jovens ou mesmo crianças. Em alguns casos, envolvendo-se em perseguições inconcebivelmente desproporcionais — como foi o caso, comentado nesta coluna, de um casal de negros que foi perseguido por mais de 60 viaturas da polícia. Eles morreram crivados a balas, mesmo desarmados, dentro do próprio carro. Uma negra, sargento da Guarda Nacional dos Estados Unidos, foi num campo de prática de tiro. Ao chegar lá, ficou chocada ao ver que os alvos não eram os costumeiros desenhos, mas de negros. E ficou estarrecida ao ver que uma daquelas fotos nos alvos era de seu irmão que, quando jovem, tinha sido preso. Ela, naturalmente, veio a público para denunciar essa prática condenável de qualquer ponto de vista. Numa declaração à rede de televisão NBC, o irmão da sargento, o que está numa das fotos, disse: “aqueles que se supõe estarem ali para nos proteger, nos estão usando como alvos”. Pelo visto, os policiais norte-americanos não simplesmente atiram para matar os negros, praticam antes nos campos de treinamento atirando contra suas imagens. O chefe da polícia, no entanto, defende seus comandados alegando que essa é uma prática comum e que serve para ajudar no reconhecimento de criminosos. O fato é que o irmão da sargento cumpriu pena faz QUINZE anos. Só está entre as outras fotos, exclusivamente de negros, por ele, também, ser negro — e não interessa à polícia se cumpre pena, se já cumpriu, nem se é um homem livre e vive uma vida honesta. Pois ser negro já é todo — e não meio caminho andado — para ser considerado criminoso pelos membros das “forças da ordem”. O chefe da polícia disse também que nenhuma lei foi violada. Nenhuma!? Declarações das polícias de outros lugares, não obstante, incluído um ex-agente do FBI, afirmam que, obviamente, a prática comum é utilizar imagens de silhuetas, ou rostos gerados por computador, jamais de seres humanos reais, de um grupo particular de pessoas e, certamente, jamais de membros de minorias. Mas é isso que aquele chefe de polícia considera natural. Enquanto isso, e noutro lugar da Florida, um jovem negro, enquanto, sentado, esperava algemado que o policial branco preenchesse a papelada para ser preso, viu que o policial passou mal e caiu da cadeira, desmaiado. A primeira reação que se pode observar no vídeo da câmera da própria delegacia é que o jovem negro se levanta e começa a gritar chamando outros policiais e pedindo auxílio. Sua reação salvou a vida do policial. Esse jovem negro que, talvez depois, tenha sua foto posta como alvo para policiais praticarem sua pontaria. É isso mesmo…
Originalmente publicado no Jornal O Popular em Janeiro de 2015
José Gonzalo Armijos Palacios - Possui graduação e doutorado em Filosofia pela Pontificia Universidad Católica Del Ecuador (1978 e 1982, respectivamente) e doutorado em Filosofia pela Indiana University (1989). Realizaou estudos de pós-doutorado na Indiana University em 1996 e 1997. Desde1992 é professor titular da Universidade Federal de Goiás.
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