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uma lista de livros para presente de fim de ano..

O critério foi o de ser uma espécie de lançamento, estar entre aqueles livros de compra recente que gostamos de acariciar… ler é pouco, esse contato táctil é um vício virtuoso. Toda lista é provisória e idiossincrática, reducionista e problemática. Mas vale também  a intenção.  Nalguns poucos casos (de livros de distribuição mais complicada) deixei links nos títulos. 

Um dia vou escrever sobre este lugar. Memórias. – Binyavanga Wainaina. Se você quer ser descolado e descolonizado, precisa ler este livro. Wainaina é surpreendente; quando você espera que ele se assuma afropolitanista, ele se quer panafricanista. Um panafricanista, que ao se assumir gay no contexto do Quênia, coloca sua vida em risco. O autor de “Como escrever sobre África” ganha aqui sua primeira tradução para o português. Ganhamos também a possibilidade de ler…  

A economia do conhecimento – Roberto Mangabeira Unger – Mangabeira Unger é um filósofo brasileiro. Este livro procurar pensar o que significa em termos de possibilidades a economia do conhecimento. Existe uma revolução na forma de produzir e trabalhar que pede adaptação e redescrição de tecnologias e modos de produzir, cooperar, gerir etc. Mangabeira Unger é um filósofo brasileiro. O que é redundante é a repetição da cordial descondideração do não-diálogo. 

Frantz Fanon. Um revolucionário, particularmente negro – Deivison Mendes Faustino – O livro de Faustino é uma de minhas recomendações. Por que? Para se aproximar de Fanon em boa companhia. Fanon é o Freud do contexto pós-colonial. Se Freud democratizou o gênio, Fanon mostra os limites da democracia e as compensações do jogo que mantém hierarquias. O trabalho de Fanon ficou pela metade, numa ex-tremação que se justifica pelo contexto. O desafio é continuar com ele. 

A República: uma chave de leitura – Nickolas Pappas. Quando começei a graduação em filosofia, algum professor disse que a leitura de A republica de Platão valia uma graduação. O que ele queria dizer ainda não sei. Já li e reli está obra de Platão e ainda tenho que reler. Este guia de Pappas causa surpresa e cria espanto. 

Extramundanidade e sobrenatureza. Ensaios de ontologia infundamental. – Marco Antonio Valentim –Valentim, além de ser o orientador do Luis Thiago Freire Dantas no doutorado, é um desses indisciplinados que criam caminhos ousando filosofar na terra dos infiéis. Estes ensaios de ontologia infudamental nos levam parar pensar com a tradiçãoindígena. O resultado ainda esta por vir, como porvir: um futuro não é mais como era antigamente.


Sobrevivendo no inferno – RacionaisMc’s – se Sobrevivendo no Inferno é a bíblia do hip-hop brasileiro essa obrademorou para ser publicada e já chega defasada: é preciso reunir em um volumetodas as letras dos Racionais. De todo modo, esse é um começo.  


As alegrias da maternidade – Buchi Emecheta – O romance da escritora nigeriana Buchi Emecheta é daquelas obra em que preciso confessar que “não li e já gostei”.


– Bergson pós-colonial – Souleymane Bachir Diagne. Uma novidade da filosofia africana em português, aobra do filósofo senegales Diagne é uma daquelas que nos servem para abrircaminhos e traduzir/criar um entre-lugar, uma ponte entre tradições.


A Origem do Mundo. Uma História Cultural da Vagina ou a Vulva Vs. O Patriarcado – Liv Strömquist  –  Se é pra desenhar, tá aí o recado bem dado com essa história da vagina em quadrinhos. Escolha quem presentear com cuidado… este livro é perigoso!  

Caderno de memórias coloniais – Isabela Figueredo –  O livro de Isabel Figueiredo causou grande impacto quando foi publicado em Portugal. O mesmo se repetiu no Brasil. O prefácio escrito na por Pauline Chinziane cria outro livro. O pós-escrito de Figueiredo confirma essa intuição. Vale muito a leitura!

Escritos de Uma Vida –  Sueli Carneiro – Essa é umadaquelas obras aguardadas e necessárias. Sueli Carneiro é uma pensadora brasileira com quem precisamos dialogar, não reificar ou despontencializar (com a canonização sem aprofundamento). Isso significa ler, reler, escrever,discordar e concordar. Aprender.

O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras –  bell hooks – A publicação desta obra de bellhooks é mais um passo na construção de uma aproximação com o feminismo negronorte-americano, que ganhou velocidade com a publicação em português de Angela Davis e Roxane Gay. A torcida é para que Patricia Hill Colins também seja traduzida…  

Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico – Joaze Bernardino-Costa, Nelson Maldonado-Torres, Ramón Grosfoguel (Organização). – Este livro acabou de ser lançado, é uma coletanea e por isso tem lá suas desigualdades e desmedidas, mas a régua deve ser a leitura. Angela Figueiredo, Oyeronke Oyewumi, Patrícia Hill Colins, Nilma Lino Gomes, Lewis Gordon, Osmundo Pinho…  

Pedagogia profana – Edição Revisada e Ampliada: Danças, piruetas emascaradas – Jorge Larrosa – Esta é uma reedição. A pedagogiaprofana é um trabalho de inspiração sublime e tem aí suas qualidade maior edefeito. Defensor da poesia, Larrosa mantém e guarda a incomensurabilidade dadiferença, que não deixa de ser uma esperança.

 Traduzindo a África Queer- Caterina Rea; Clarisse Goulart Paradis; Izzie Madalena Santos Amancio –  Este livro acaba de ser lançado,na verdade, de ser colocado para venda. É uma necessidade bibliográfica.  Siga o link e encomende o seu (e o que vai ofertar de presente)… vou também fazer isso. 

No enxame. Perspectivas do Digital – Byung Chul-Han – Sabe aquela pessoa que ouve mais podcast do que lê? Provavelmente ela vai gostar deste livro de filosofia ou qualquer outro deste autor. É que Chul-Han faz pensar, na mesma medida em que te oferece o mais recente boletim do Hotel Beira do Abismo. A velocidade de dua escrita pede uma pausa, e traz a sensação de traduzir o momento como quem escreve na areia de uma praia: o tempo já é ultra-passado, porque precisamos pensar por nós esse “entre”, a distância geográfica/política/cultural/tecnológica que não vai dita alí. É um autor que de tão colado a tarefa de pensar seu tempo, deveria ser ultra-passado pelo leitor que pensa contra ele. 

A classe média no espelho – Jesse de Souza. Também um lançamento que está na minha fila de leituras. Algum Jesse precisa estar aqui, mas com a resalva de que este é um presente que deve ser dado com prudência: o espelho pode assustar!

Marcos Carvalho Lopes

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